Um ataque* na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas na manhã desta quarta-feira, 5, segundo o Corpo de Bombeiros. As vítimas são três meninos e uma menina, de 5 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.
Quatro crianças – duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos – foram levadas para o Hospital Santo Antônio – uma delas em estado grave, outra em quadro “intermediário” e duas com ferimentos leves. “Elas foram atendidas pela equipe de urgência e emergência e as famílias estão recebendo apoio da equipe multiprofissional da instituição”, disse o hospital em nota. Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, segundo a prefeitura.
Segundo os bombeiros, havia 40 crianças na creche nesta manhã e o agressor, que não teve a identidade revelada, teria pulado o muro e atingido as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.
Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles sairão. O pai carregava o material escolar. “Só a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.
O homem se manteve calado e a polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas no caso. “Ele já tinha passagens pela polícia. Não sabemos se com condenações transitadas em julgado”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi. “Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse.
Pais correram até a creche, que é particular, para buscar informações logo após a confirmação de que houve o ataque. Igor Augusto, funcionário de uma creche próxima do local, disse ter acompanhado o desespero das professoras após o ataque. “A dona da creche estava gritando muito.”
Em nota de pesar, a direção da creche afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho.”
“Estamos arrasados. A gente nunca imagina que poderia acontecer tão perto da gente”, afirmou Bruna Damião Volkmann, de 29 anos, mãe de um aluno de 5 que frequenta a creche, mas no período da tarde.
A prefeitura de Blumenau vai decretar luto de 30 dias. O governo do Estado decretou luto de três dias pelas mortes na creche. As aulas nas redes municipal e estadual foram suspensas na cidade.
O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o Município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos avaliar como cada família vai querer fazer o seu velório. E vamos agora também cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.
Outros casos
Ataques em escolas por todo o Brasil têm se tornado recorrentes. No início da semana passada, especificamente em 27 de março, um adolescente de 13 anos realizou um ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, resultando na morte de uma professora de 71 anos.
Um dia após o caso, um aluno de 15 anos tentou atacar colegas com golpes de faca, em 28 de março, na escola municipal Manoel Cícero, na Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O menor tentou esfaquear os colegas e foi contido por outros alunos e funcionários.
Fonte: Estadão