Nova Mutum, 15 de Outubro de 2024

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O mistério dos aviões que fizeram escolta aérea do Ditador Nicolás Maduro

Foto: Reprodução

A viagem a Brasília do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mobilizou pelo menos três aviões em uma operação cercada de mistério e sigilo.

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Maduro pousou na cidade na noite deste domingo para uma visita oficial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que foi anunciada de última hora pelo governo brasileiro.

Nesta terça, ele participará de um encontro de chefes de Estado de países da América do Sul sugerido por Lula.

Pelo menos duas das aeronaves usadas na viagem, incluindo a que trouxe Nicolás Maduro, são alvo de sanções do governo dos Estados Unidos.

Dados bloqueados

O avião no qual viajou Maduro, um Airbus A-319 da companhia estatal venezuelana Conviasa, partiu de Caracas no início da tarde de domingo sem identificação nos sistemas de rastreamento.

Ao decolar da capital venezuelana, o Airbus que trouxe Maduro foi acompanhado de perto por uma segunda aeronave, cujos dados foram mantidos num nível ainda mais alto de sigilo.

Nos buscadores, os dados desse segundo avião apareciam como “bloqueados” e não era possível saber nem sequer seu modelo — isso ocorre quando a tripulação adota medidas destinadas a “ocultar” as informações que poderiam identificar a aeronave.

Ainda nos céus da Venezuela, os dois aviões percorreram trajetos distintos. Depois, porém, se aproximaram e voaram praticamente juntos desde o instante em que o Airbus com Maduro a bordo entrou no espaço aéreo brasileiro.

Observando apenas a diferença regulamentar de altitude, os dois aviões seguiram próximos um do outro até o pouso em Brasília.

“Escolta aérea”

O aparelho cujos dados apareciam bloqueados nos sistemas pousou poucos minutos antes do A319 que carregava Maduro e a primeira-dama da Venezuala, Cilia Flores. Ambos seguiram para Base Aérea de Brasília, anexa ao aeroporto Juscelino Kubitschek, onde Maduro foi recebido com honras militares.

Um terceiro avião, um Embraer 190 também da Conviasa, chegou uma hora depois a Brasília. Boa parte do percurso se deu com os sistemas de geolocalização desligados.

Diferentemente dos outros dois, que vieram direto de Caracas, essa terceira aeronave fez um trajeto tortuoso antes de pousar na capital: do pouco que ficou registrado nos sistemas de rastreamento, é possível perceber que, num percurso atípico, ingressou no espaço aéreo brasileiro, depois foi à Bolívia e só na sequência seguiu viagem até Brasília.

A coluna pediu à Força Aérea Brasileira informações sobre as três aeronaves, mas até a publicação desta nota não houve resposta. A FAB é responsável pelo controle de tráfego sobre o espaço aéreo nacional. É a ela que cabe autorizar os voos. A assessoria de imprensa não respondeu nem se atenderia o pedido. Também indagado, o Itamaraty não se manifestou.

O motivo do segredo

As viagens internacionais de Maduro são cercadas de mistério por algumas razões — o que ajuda a explicar, inclusive, o segredo do governo brasileiro em torno da visita oficial, que não foi anunciada com antecedência como costuma ocorrer em situações do tipo.

O venezuelano é acusado pelos Estados Unidos de envolvimento com narcotráfico, terrorismo e corrupção. Durante o governo de Donald Trump, o então secretário de Justiça, William Barr, anunciou o pagamento de uma recompensa de US$ 15 milhões a quem ajudasse na sua captura.

Aviões são alvo de sanções americanas

Além disso, os aviões da frota usada normalmente pelas autoridades da Venezuela são alvo de sanções do governo dos Estados Unidos.

Pelo menos duas das três aeronaves que pousaram em Brasília como parte da operação montada para a viagem de Maduro estão nominalmente listadas no rol de sanções do Departamento do Tesouro americano: O A319 no qual viajou Maduro, registrado de prefixo YV-2984, e o Embraer 190 que passou pela Bolívia e pousou uma hora depois, de prefixo YV-2944.

O Airbus, por sinal, tem em seu histórico recente de viagens um roteiro daqueles que fazem Washington estrilar. Do ano passado para cá, passou por Moscou e São Petersburgo, na Rússia de Vladimir Putin, e por Teerã, a capital do Irã — ambos países declaradamente inimigos dos americanos.

A estatal Conviasa, dona do A319 e do Embraer 190 que pousaram em Brasília, é a mesma companhia que entre 2007 e 2010 operou um voo entre Caracas e Teerã que os serviços de inteligência dos Estados Unidos apelidaram de “Aeroterror” porque, segundo eles, serviam para transportar suspeitos de envolvimento com terrorismo e dinheiro de origem duvidosa entre os dois países.

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